AUTISMO: O que a Igreja precisa saber?
Breve manual sobre autismo para a igreja evangélica

Breve histórico familiar Em 2005:
nascimento de Esdras: parto normal, peso bom, nenhuma complicação.
6 meses de idade: emitia melodias e já ficava em pé.
Por volta de um ano, começou a andar.
Falava palavras, imitava sons e foi evoluindo para expressões curtas.
A partir dos dois anos de idade começou um processo de regressão, deixando de falar, usando os pais como instrumento, enfileirando pequenos objetos e em seguida jogando-os para o alto.
Aos 3 anos: ingresso na escolinha. Com 5 anos devido ao seu comportamento e defasagem no desenvolvimento foi diagnosticado com autismo infantil.
Definição de autismo (TEA)
TEA (Transtorno do Espectro Autista) é um transtorno neurológico que afeta certas áreas cerebrais das pessoas comprometendo o desenvolvimento das suas funções.Autismo: palavra de origem grega que significa por si mesmo.
Os sintomas são variados e aparecem quando as crianças ainda são pequenas e presentes antes dos três anos de idade.
O diagnóstico considera a avaliação das deficiências apresentadas na comunicação social e relacionadas a interesses restritos e padrões repetitivos.
Causas do transtorno
- Não existe uma causa clara para o autismo, e nem uma cura, mas o diagnóstico precoce e tratamento adequado para cada caso é importante para a melhora da qualidade de vida da pessoa com TEA. Estudos apontam que a origem do transtorno está relacionada principalmente com as alterações genéticas. Há também de se considerar os fatores ambientais que podem desencadear o surgimento do problema, porém sem comprovação científica. A questão de se levar em conta os fatores ambientais tem a ver com a saúde da gestante e do bebê quanto ao uso de medicamentos durante o período da gravidez, intoxicações alimentares, bebidas alcoólicas e substâncias abortivas.
- Déficits na interação social caracterizados por:
Desinteresse por brinquedos ou brincadeiras propostas para as crianças de sua faixa etária, utilizando de maneira inadequada os objetos.
Dificuldade na relação social mantendo-se isolada ou comportando-se em desacordo com a atividade proposta.
Comportamento robotizado que dificulta o iniciar uma interação e mantê-la.
Pobreza de integração na interação social que envolve a comunicação verbal e não verbal, além do contato visual e linguagem corporal.
Dificuldade de compreender expressões faciais e linguagem corporal.
Dificuldade de se adaptar a diferentes situações sociais.
Principais características
Com relação aos interesses restritos e padrões repetitivos:
1. Movimentos repetitivos ou ritualísticos com objetos e/ou fala.2. Repetição de falas de filmes ou desenhos, de forma solitária e sem função social.
3. Comportamentos padronizados com rotinas rígidas e fixação por assuntos e interesses restritos.
4. Limitações no sistema sensorial: hiper ou hipossensibilidade a estímulos ambientais, como sons e texturas.
5. Esteriotipias motoras com movimentos corporais repetitivos.
6. Resistência a mudanças de rotina e organização.
7. Obsessão por partes ou pequenos objetos.
8. Sensibilidade a ruídos, cheiros, texturas de objetos ou interesse intenso por luzes, brilhos e objetos giratórios.
9. Alteração sensorial quanto à dor.
Comorbidades
Comorbidade é a existência de duas ou mais doenças na mesma pessoa, podendo uma causar o agravamento da outra.Podemos encontrar pessoas Down e com TEA, paralisia cerebral e autismo, por exemplo.
O Transtorno do Espectro Autista costuma vir acompanhado de outras condições como distúrbios alimentares, do sono, sensoriais, retardo mental, hiperatividade, ansiedade, depressão, agressividade...
É importante ressaltar que há uma série de condições que precisam ser observadas e comprovadas para que o tratamento seja o mais eficaz possível. Não é uma situação fácil.
Níveis de gravidade
O Transtorno do Espectro Autista está classificado em três níveis, de acordo com o grau de apoio e intervenção que a pessoa precisa receber, a saber:Nível 1 (leve)
Necessitam de pouca intervenção terapêutica.
Aprendem a utilizar os recursos das orientações recebidas na maior parte das vezes.
Apesar de falar, têm dificuldade em iniciar e manter uma conversa.
Apresentam dificuldade em flexibilidade mental e de rotina.
Nível 2 (moderado)
Precisam de mais suporte e intervenção.
Déficits na interação social mais acentuados.
Dificuldade de relação adequada com os outros, mesmo com mediação e apoio terapêutico.
Comportamentos restritivos e repetitivos são mais evidentes.
Costumam ter alterações de comportamento quando têm seus rituais interrompidos.
*Nível 3 (severo)
Necessidade de apoio intenso.
Deficiência na comunicação verbal e não verbal, com interação limitada e difícil.
Os comportamentos restritos e repetitivos interferem em todos os contextos, mesmo com intervenção terapêutica.
Os sintomas são mais graves nestas pessoas.
Dificuldades para a inclusão
1. Falta de informação e de conhecimento sobre o assunto, o que gera uma série de preconceitos e abordagens inadequadas das pessoas.A informação é essencial, mas precisa ser cuidadosamente avaliada para que não acarrete em problemas futuros criando mitos que, acredite, vão dificultar todo o processo de inclusão.
2. Falta de empatia que é muito frequente na atualidade. Devemos ter cuidado! É preciso saber o que está por trás de determinados comportamentos tanto da pessoa com TEA, quanto de seus cuidadores.
3. Aceitar a pessoa como um indivíduo. Mesmo dentro de uma mesma classificação, cada um tem suas particularidades.
4. Conhecer as dificuldades destas famílias e suas demandas. A boa comunicação é essencial para haja inclusão.
5. Reconhecer que todos somos responsáveis. A partir do momento que faço parte de um grupo a dor do outro é minha também, assim como as conquistas.
6. Ambientes e tratamentos adequados.
Passos para a inclusão da pessoa com TEA
1. Conscientização de todos, sejam crianças, adolescentes, jovens ou adultos.2. Busca de informações: quanto mais se conhece, mais se compreende.
3. Comunicação aberta com os pais e cuidadores.
4. Promover um ambiente acolhedor, respeitando as necessidades das pessoas com TEA.
5. Estimular a cooperação para que a ajuda seja mútua.
6. Acreditar que todos têm potencial de aprendizagem.
O amor supera tudo
4 “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece, 5 não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; 6 não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; 7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 8 O amor nunca falha... I Coríntios 13.4-8.
Bibliografia
CAMPOS, V. et al (Org.). Autismo, do diagnóstico ao tratamento: as melhores orientações sobre o universo autista. Bauru, Alto Astral, 2019.DE ROSA, F. O que eu nunca disse antes: eu, meu autismo e no que acredito. Tradução Cacilda Rainho Ferrante. São Paulo, Paulinas, 2016.
GAIATO, M. B. S.O.S. Autismo: guia completo para entender o Transtorno do Espectro Autista. 2.ed. São Paulo, nVersos, 2018.
Inclusão Missionária de pessoas com TEA em igrejas e comunidades de fé. Disponível em https://autismoemigrejas.academiadoautismo.com.br/curso.
ORRÚ, S. E. Aprendizes com autismo: aprendizagem por eixos de interesse em espaços não excludentes. 2.ed. Petrópolis, Vozes, 2019.
PIERRI, P. Autismo infantil: o que é e como tratar. 4.ed. São Paulo, Paulinas, 2012.